sábado, 19 de dezembro de 2009

PRIMEIRO DESAFIO A SER VENCIDO: A ICTERÍCIA

João e eu tivemos nosso primeiro desafio a ser vencido logo no segundo dia de vida: a icterícia. Em uma de minhas consultas, meu médico disse que a combinação sanguínea minha e do marido (eu = O+ e ele = AB-) resultaria em um bebê A+ ou B+ e que estes tipos sanguíneos têm maior propensão de desenvolver icterícia. Sinceramente, não dei a atenção que deveria, ou pelo menos, não me preparei para que isso realmente pudesse acontecer com o João. Infelizmente, aconteceu.No segundo dia, eu já estava super bem, meu médico passou pela manhã e me encontrou sentada em cima da cama em posição de Buda, riu e disse: bom, nem preciso examinar, sentada desse jeito é sinal de que está bem, certo? Se estivesse com dor, estaria deitada, cheia de ‘ais’. Eu ri e disse que realmente estava bem, só um pouco de ardência no corte, dependendo da posição que eu ficasse. Ele disse que era normal, passou as recomendações para cuidar do corte, ou seja, quando tomar banho, lavar bem com sabonete e secar muito bem. Só isso. Marcou a retirada dos pontos para dali quinze dias, passou um remédio para dor (caso sentisse), continuasse a tomar a mesma vitamina que estou tomando enquanto estiver amamentando e também uma pomada para passar no bico do seio para evitar rachadura, infecção e dor.
Aí deu uma olhadinha no João e disse que agora minha saída estava por conta dele e que observasse nos dias seguintes algum indício da icterícia. Ok, fiquei feliz da vida. Puxa, iríamos embora pra casa. Logo em seguida entrou o pediatra de plantão para ver o João. Tudo em ordem, mas o médico notou um amarelado na pele dele e disse que iria pedir um exame para icterícia. Ai meu Deus, novamente a tal icterícia. Bom, João já tinha tomado duas vacinas: BCG e Hepatite. Não cheguei a ver porque a enfermeira levou na sala de exames ao lado dos quartos. Só escutei o choro do meu príncipe, e chorei junto. Ai como dói a dor de um filho. Depois com o pedido do exame, a enfermeira de plantão o levou novamente para uma ‘picada’ e voltou cheia de elogios para meu bebê. “Se comportou como um mocinho”. Ai quanto orgulho.O resultado do exame veio rápido e objetivo: João estava com icterícia, num grau 14,5 e precisaria estar abaixo de 13. Teria que fazer um tratamento a base de luz chamado fototerapia durante 24 horas. Me explicaram que ele ficaria em um berço normal com um conjunto de lâmpadas que simulariam o efeito do sol. Tipo: sabe aquelas camas de bronzeamento artificial? Pois é, bem parecido. Ele ficaria só de fralda, não poderia ter nada com cor, tudo branco para não desviar a luz dele. O efeito da luz tiraria o amarelo que seria expelido no xixi e no cocô.Fiquei bem chateada, mais um dia inteiro no hospital.
Poxa! Mas tudo bem, para o bem do João qualquer coisa. O medico me tranquilizou falando que era uma doença muito comum e que o tratamento era muito eficiente. Mudamos de ala, afinal agora eu é que era a acompanhante do João e fizeram um nova internação para ele.


A ICTERÍCIA
O recém-nascido pode apresentar icterícia que geralmente se inicia após as primeiras 24 ou 48 horas de vida, chamada icterícia fisiológica do recém-nascido, e que desaparece espontaneamente após 10 ou 15 dias. Neste período as fezes e a urina da criança permanecem com sua cor normal. O exame clínico e laboratorial do fígado também se mantém dentro da normalidade. Quando esta icterícia se inicia dentro das primeiras 24 horas, o quadro clínico pode se agravar devido a uma incompatibilidade sanguínea entre a criança e a mãe (antigamente chamada de eritroblastose fetal). É um tipo de icterícia chamada "icterícia hemolítica" porque é causada principalmente, pela destruição natural que ocorre com os glóbulos vermelhos após o nascimento. É uma doença benigna e nos casos da ‘fisiológica’ pode-se melhorar com banho de sol pela manhã cedo. No caso da ‘hemolítica’ é necessária a fototerapia durante um tempo que vai depender de cada bebê. A icterícia do recém-nascido também pode ser causada por acúmulo de bile dentro do fígado (colestase neonatal) e esta deve ser investigada logo que se inicia, pois pode ser causada por uma obstrução congênita das vias biliares chamada de atresia de vias biliares extra-hepáticas, necessitando de intervenção cirúrgica precoce, entre os 2 ou 4 meses de idade, pelo risco de evolução rápida para cirrose e insuficiência hepática.
No caso do João, infelizmente não foi a icterícia fisiológica, foi mais sério pq marido é AB negativo e eu sou O positivo, João é B positivo.


ICTERÍCIA HEMOLÍTICA
Doença hemolítica por incompatibilidade ABO - doença mais frequente no primeiro filho A ou B de mãe O, caracterizada por icterícia precoce, reticulócitos aumentados (acima de 6%) e anemia não muito acentuada, cuja prova de Coombs costuma ser negativa e a prova do Eluato positiva.


Primeira batalha a ser vencida e entramos nela, João e eu com a cara e a coragem. Marido já tinha viajado e eu teria que cuidar de tudo. Fomos para outro quarto, João passeou de elevador pela primeira vez. As enfermeiras foram fantásticas. Arrumaram tudo e colocaram João, só de fralda, com óculos de gaze adaptado (pois ele não poderia olhar para a luz). Ele como sempre, tranquilão, nem se incomodou com os óculos (no começo – mas logo percebi que eles seriam nosso grande problema).Iniciamos o tratamento confiantes. O problema é que 24 horas não foram suficientes. No exame do dia seguinte, a taxa não só não tinha diminuído como tinha aumentado. Foi recomendado mais 24hs de fototerapia. João já não estava muito animado com aqueles óculos estranhos, além disso o calor da máquina de luz deixava sua pele vermelha e cheia de bolinhas. Dureza ficar num quarto fechado, com aquela máquina de ‘assar frango’ high tech e ver seu bebê ali sem poder fazer nada. Os óculos foram um problemão, pois João, mesmo dormindo, arrancava. As enfermeiras tentaram dois tipos, mas a solução veio numa ‘touca de mano’ que fizeram pra ele, e que ele não conseguiu tirar. Só assim tivemos um pouco de sossego nas poucas horas de sono que João me permitia tirar.Já estava parecendo um zumbi. Nas mamadas, eu ficava ‘pescando’ e morria de medo de soltar o João. Com o marido longe, em Porto Alegre, minhas cunhadas se revezaram e ficaram comigo durante a noite, e a sogra vinha durante o dia.
Foram dias de muito stress e cansaço. Minha cirurgia começou a doer mais, o sono todo atrapalhado vinha nas horas mais erradas possíveis. E para complicar ainda mais um pouco, a pediatra de plantão disse que João estava com infecção urinária. Estavam coletando seu xixi para análise durante o tratamento que já estava no seu 3.o dia e com pequena diminuição. Ao a pediatra recomendou soro pro meu bebê o que significava colocar um cateter, vcs em ideia do que é colocar isso no braço de um bebezinho (vejam a foto). Aí eu surtei. Minha pressão subiu feito feito refri sem gelo. Comecei a chorar e não parava mais. Foi um caos. Graças a Deus, que Ele manda anjos na hora certa. E a enfermeira que fez o procedimento no João, além de ser muito competente, era um anjo, que me ajudou muito. Obrigado Ana Flávia!
Aliás, em matéria de enfermeiras-anjos, eu fui muito bem servida. Cada uma me ajudou em algo diferente.Bom, no final das contas, João não estava com infecção urinaria e sim uma diminuição da urina devido a uma desidratação causada pelo calor da máquina. O que concentrou a urina e alterou os resultados. A solução era muita amamentação e alguns goles de água. E observação.
Graças a Deus, tenho bastante leite e João é comilão feito o pai. Assim, superamos juntos mais essa.Marido chegou no sábado e eu pude, enfim, relaxar um pouco. Caramba, como fez falta! Mas as taxas do João ainda teimavam em não diminuir. Me disseram que era assim mesmo quando a causa da icterícia era de compatibilidade sanguínea, ou incompatibilidade, com queiram.Assim, tivemos que levar essa situação até hoje, dia 01/12, quando enfim João teve alta.
Estou escrevendo este post já em casa, no meu escritório, com João dormindo no seu possante do meu lado, tranqüilo, tranqüilo...A recomendação agora são banhos de sol logo cedinho, durante 5 minutos para expelir de vez o ‘amarelão’.Quando olho para trás, vejo que precisei de muita força, e que essa força veio. Como sempre vem para as pessoas que confiam em Deus e que como eu, possuem um ‘anjo’ especial lá em cima cuidando para que tudo aconteça da melhor maneira possível.
Foto antes do diagnóstico da icterícia
Primeiro banho

Já iniciando o tratamento de fototerapia

Nova tentativa de´'óculos' que não deram certo (olha a folga dessa criança!!!)

E com a 'touca de mano' que deu certo

Com o catéter, só stress!

Bebendo água para reidratar


Com papai de volta! Só alegria!

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